Imagens do livro: Acervo pessoal. Imagem Bob Hobbs: Divulgação |
Olá pessoal!
Estou muito feliz por poder
colocar em prática uma das minhas metas para 2013: a disponibilização periódica
de resenhas de livros sobre desenho/ artes/ ilustração, aqui no blog. É uma
etapa bastante importante, pois estou “parada” (academicamente falando), há
mais de um ano. Então, decidi que as resenhas são um bom recomeço e
também uma forma de tornar público o conhecimento sobre uma área não abordada
em blogs literários, que geralmente abrangem outro filão editorial.
Para esta primeira resenha,
escolhi um título que comprei há pouco tempo, mas que me chamou bastante
atenção, primeiramente, pela qualidade gráfica da obra e, depois, pelo
propósito do autor: mostrar, didaticamente, como ilustrar um personagem de
fantasia, unindo as características básicas presentes na mitologia e
literatura, ao estilo e técnicas utilizados pelo artista.
O livro em questão é Seres
Fantásticos: desenhe, pinte e crie seres mágicos, de autoria de Bob Hobbs, lançado em 2010 pela editora Madras (preço médio R$ 69,90). Hobbs é
ilustrador desde a década de 1980 e já trabalhou para as principais editoras
especializadas em publicações de fantasia do mundo. Outros artistas que
participam do livro: Finlay Cowan, Artemis Kolakis, Julianna Kolakis, R. K. Post, Christopher Shy e Alain Viesca.
Seres Fantásticos é
dividido em duas partes principais: na primeira, o autor faz uma pequena
introdução sobre inspirações, referências, prática de desenho diária e ética
profissional. Em seguida, apresenta os equipamentos utilizados em ilustração,
tanto os suportes tradicionais quanto as ferramentas para desenho
computadorizado. Fala sobre os artistas participantes da obra (cada um melhor
que o outro!) e dá um panorama sobre o que são seres fantásticos, suas classes,
aparência, características, fontes das lendas e suas aparições na cultura
popular, na arte e no espiritualismo. Já a segunda parte é subdividida em seis
capítulos, que são: Arquétipos do Mundo
Mágico (Elfos, Ninfas, Fadas...), Seres
das Trevas (Goblins, Nibelungos...), Seres
Domésticos (Gabijas, Mamurs...), Seres
da Natureza (Fadas da Água, da Floresta, das Flores...), Seres Fantásticos Atuais (Gremlins,
Sybas...) e Seres Fantásticos Mundiais (Kabouters,
Venusleute – na foto).
“Ser um artista não é um trabalho convencional, em horário comercial. É um compromisso em tempo integral. Você é sempre um artista, mesmo que não esteja trabalhando em uma peça. Durante o dia, sua mente absorve informação, imagens e inspiração do mundo ao seu redor, mesmo que não perceba isso na hora. Você deve sempre manter suas habilidades de desenho e pintura afiadas – não pense nisso como um fardo, mas como crescimento. Quanto mais você faz, melhor ficará, o que vale para tudo na vida.” (HOBBS, 2010, p. 12)
Pontos fortes: O livro é muito bem organizado e a linguagem simples
e clara. Nada de rebuscamentos, termos excessivamente técnicos ou divagações
sem sentido. A primeira parte é concisa e serve como um empurrão para o
leitor. Dá dicas sem ser chato ou ter cara de receitinha pronta, o que te move
a ler o restante da obra. Já a segunda parte apresenta os seres da seguinte
maneira: uma página dedicada à ilustração, com sua autoria referenciada, e em
seguida o nome e descrição do ser/personagem, suas características, o
desenvolvimento do trabalho, material e execução. Há também palavras-chave para uma futura busca
por imagens e termos. Descobri vários
softwares dos quais nunca tinha ouvido falar e me interessei muito pelo
processo de cada artista. Alguns esboços também são apresentados, da metade em
diante eu já conseguia reconhecer pelo traço cada uma das imagens. Acredito que
é muito importante quando se compartilha este tipo de informação: da concepção
da figura até a arte final, passando pelas influências e instrumentos que o
artista utilizou. Tira um pouco aquela “aura sagrada” da obra de arte (muita
gente ainda acredita nisso) e mostra o lado profissional de quem lida com
encomendas e trabalhos comissionados todos os dias. E a qualidade do livro
também é de tirar o chapéu, todo em papel couché.
Pontos fracos: Praticamente todos os seres apresentados são da mitologia europeia. Senti falta, apesar de ter um capítulo sobre
seres fantásticos mundiais, de mais personagens das lendas e folclore das
Américas, principalmente do Brasil e também da mitologia Grega. O
foco ficou centrado nas histórias criadas por escritores como Tolkien e pelo
resgate de mitos feito por Rowling e outros autores atuais, em suas sagas
juvenis. Talvez seja uma ideia para o autor no futuro, uma publicação que se
aprofunde e explore mais os seres fantásticos das culturas latina, africana,
asiática...
Resumindo: Muitas vezes, fico perdida na hora de representar uma
fada, por exemplo. Bate aquela insegurança, mesmo tendo liberdade de criação e
um mundo de referências na web, de “será que estou fazendo a coisa certa?”,
então o livro acaba servindo como uma enciclopédia, para que o artista consulte
quando precisar de uma informação muito específica. Por exemplo, o tamanho de
uma Fada do Absinto: o ideal é que
ela seja proporcional à garrafa da bebida, para tornar a composição
equilibrada, com elementos que ressaltem essa relação e transmitam uma atmosfera
apropriada. Ao trazer ilustradores com estilos variados, Hobbs consegue
abranger um panorama de possibilidades tanto para quem usa os suportes
tradicionais, quanto para quem trabalha com arte digital, sem sobrepor um
estilo ao outro, e isso é muito legal de se mostrar numa publicação. De um modo
geral, gostei bastante do livro e recomendo para quem quer se aventurar pelo
mundo da fantasia, mas não tem todo o aporte de leituras dos grandes escritores
que se debruçaram sobre o tema. Seres
Fantásticos acaba sendo um bom guia para iniciantes e para aqueles que
precisam fazer uma rápida consulta para atualizar seus conhecimentos e reforçar
uma ideia a ser trabalhada. Ah, e me apaixonei pelo software Poser.
#preciso
Avaliação: 4 estrelas
Então, curtiram essa resenha?
Gostariam de ver outras mais aqui no blog? Já falei dos livros da Derdyk
(sempre falo hehehe) e tantos outros que tenho, até mesmo sobre grafismo
infantil, e queria trazê-los para vocês. Acredito que é uma forma de fazer com
que textos acadêmicos circulem pela internet e levem informação para artistas
autodidatas, que geralmente não possuem essa formação teórica.
Abraços,
Lidiane :-)
Olá Lidiane!
ResponderExcluirEm mais uma pesquisa pela a madrugada por livros e referencias artísticas, achei esse livro e como sou louco por seres misticos, principalmente elfos e monstros e pelo o estilo surrealista, então fui procurar analise do livro e acabei chegando ate aqui, muito obrigado pela a analise do livro e estarei comprando-o hoje mesmo...abraço.
Oi Graciliano!
ExcluirQue bom que, em tuas pesquisas, vieste parar aqui. Este livro é uma ótima aquisição, além de ser bonito e com acabamento impecável, é uma fonte de referência para trabalhos de fantasia. Te ajudará muito!
Grande abraço :)
Hello, I don't know if you speak or understand English, but I just recently discovered your review of my book. I want to thank you for your kind words about it and I agree, there aren't enough faeries from Latin America, Africa or Asia. These were decisions made by the original publisher (David & Charles Ltd) which is based in England so that's why the emphasis was on European faeries. So my apologies for that. If you ever want to write to me, my email address is bobehobbs@outlook.com
ResponderExcluirHi Bob!
ExcluirThank you for your support in my review. Your book has helped me so much. I appreciate your attention to my work and I also appreciate your words and your visit to my blog.
Sincerely,
Lidy ;)