Olá pessoal!
A ilustração de hoje é resultado de mais uma parceria com a Adriane Dias Bueno. Ela já havia escrito um lindo texto, baseado em Awake (leia aqui), e agora eu retribuo o carinho com minha versão para o seu poema Retórica:
Retórica
Cansada..
de esperar a retórica passagem das horas
inconformismo que não se amolda a nada
e, no entanto, é preciso gritar para
apaziguar a dor destes olhos insones.
O relógio marca o compasso apressado
dos homens que vivem o trabalho
e os livros já não me trazem mais
aquela sensação desconhecida de que
eu deixei de ser parte de algo maior
e ingressei no rol dos mínimos.
O relógio é um atroz mecanismo
que atinge lobos e formigas mesmo quando
estes desejam apenas caminhar e esquecer...
no máximo aquecer seus corpos peludos ou pequenos.
E eu queria apenas falar de nada
mas a teima da mente acaba sempre
me levando a tecer comentários fragmentados
sobre coisas invisíveis ou insignificantes.
de esperar a retórica passagem das horas
inconformismo que não se amolda a nada
e, no entanto, é preciso gritar para
apaziguar a dor destes olhos insones.
O relógio marca o compasso apressado
dos homens que vivem o trabalho
e os livros já não me trazem mais
aquela sensação desconhecida de que
eu deixei de ser parte de algo maior
e ingressei no rol dos mínimos.
O relógio é um atroz mecanismo
que atinge lobos e formigas mesmo quando
estes desejam apenas caminhar e esquecer...
no máximo aquecer seus corpos peludos ou pequenos.
E eu queria apenas falar de nada
mas a teima da mente acaba sempre
me levando a tecer comentários fragmentados
sobre coisas invisíveis ou insignificantes.
Adriane Dias Bueno
A atmosfera é pesada: há muitas estampas, os negros cabelos da jovem, suas mãos sujas (será de sangue? será de tinta?) e sua maquiagem carregada em tons de vermelho - a dor destes olhos insones -, que escorre pela face. O relógio - um atroz mecanismo - e seu ponteiro em espiral, marca o fluxo do tempo que teima em fazer a protagonista entrar num eterno divagar sobre sua existência.
Foi muito intenso fazer este trabalho. Tanto que demorei mais do que imaginava. Em parte pela carga emocional do próprio poema e da ilustra, em outra por momentos que passei e que, para aqueles que me conhecem, estão visíveis em cada traço. Considero Retórica um de meus trabalhos mais autorais, mais viscerais, e agradeço imensamente a Adriane, por dar o estopim dessa catarse necessária.
Abraços,
Lidiane :-)
lindo trabalho, gurias. Parabéns!!!!
ResponderExcluirObrigada, querida!
ExcluirSaudades *-*
Simplesmente maravilhoso, Lidiane.
ResponderExcluirA explicação do passo a passo do trabalho que tiveste para realizar esta ilustração me comoveu, não apenas porque inspirada em meu texto, mas pela evidente identificação que ele te ocasionou e que ficou claramente explicita nas tuas palavras.
Vou copiar o link aqui e divulgas nos meus dois blogs.
Muito obrigada por proporcionar esse momento de interação entre texto e imagem repleto de intensidade e sentimentos. Sempre julgo que meus textos não são capazes de ocasionar algo tão profundo nos leitores, mas quando vi o que transpuseste para o papel, passei a ver que é possível isso ocorrer.
Grata.
Adriane
Obrigada, Adriane!
ExcluirFoi catártico fazer este trabalho pois, como disse no texto, ele me pegou num momento de emoções à flor da pele, uma enxurrada de sentimentos, e isso se misturou ao poema, aos meus sonhos, ao meu traço. Tudo se completava, a medida que a figura tomava forma, e me encarava com seus olhos cortantes.
Teus textos são fontes inesgotáveis de inspiração, e me ajudam a despertar sentimentos adormecidos. E isso é muito melhor do que qualquer terapia. Isso é arte!
Grata sempre!
Abraços :)
Lindo o teu desenho.
ResponderExcluirObrigada! :)
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