5 anos em 6 ilustras

02/03/15


Primeiramente eu não morri, só estava na Record organizando a minha vida para o mês de março, que será puxadíssimo em termos de trabalho. Aproveitei o final de fevereiro para descansar um pouco, ler e voltar com vontade para comemorar os 5 anos do blog! Vai ter muita ilustra (espero), posts com dicas legais (espero II) e, pra começar, uma retrospectiva.

Se tem uma coisa que o blog me ajudou (e ainda ajuda muito!) é no acompanhamento da evolução do meu desenho. Embora já tivesse experiência e um traço definido quando terminei a graduação, passei por tantos perrengues que simplesmente desaprendi a desenhar, esqueci o caminho do meu próprio processo criativo. Isso foi uma das coisas que me levaram a criar este espaço: achei que, compartilhando o pouco que fazia, poderia sentir vontade de ir além e redescobrir aquela Lidiane que ficou em algum lugar do passado, com medo de tudo e de todos.

PAUSA PARA UM LEMBRETE: quero falar principalmente para você, mulher, que vive sendo criticada por seus coleguinhas homens pelas escolhas que faz na hora de desenhar: seja o modelo, o tipo, o material. Mande todos eles irem catar coquinho, porque você, e somente você é DONA da sua arte. Empodere-se, mostre a que veio. Não tenha vergonha de receber uma crítica, analise-a: ela é construtiva? vai te ajudar? foi de boas? ou foi uma cutucada? te atingiu? beijinho no ombro e continue o seu caminho. 


Em meados de 2010, depois de postar muitos trabalhos engavetados, comprei um sketchbook e passei a mostrar, quase que diariamente, o que estava produzindo. E um dos desenhos mais marcantes dessa época é este, que chamei de Mulher Elegante. Lembro que fiquei tão orgulhosa dele, das linhas do cabelo, da expressão. Foi aqui que senti estar "voltando", embora ainda tivesse muito trabalho pela frente. O que sempre me atrapalhou foi a pressa, a vontade de ver terminado de uma vez, para depois concluir que ficou ó: uma boxta. Então, 2010 ainda foi marcado por essa precocidade que só fui abandonar, hummm... ano passado?!


2011 foi o verdadeiro divisor de águas da minha vida, pois em outubro nasceu a Sugar Skull, um dos trabalhos mais importantes da vida. Lembro de ter ficado horas olhando obras da Sylvia Ji e ter achado lindas todas aquelas caveiras mexicanas, sensuais e expressivas. Peguei uma foto de referência e resolvi fazer uma catrina também. Foi tudo muito natural, sem rascunhos ou estudos elaborados. Até hoje é a mais vendida no Society6 e o primeiro trabalho que eu realmente considero uma ilustração. Muito orgulho.


2012 foi um ano cheio de parcerias e aprendizado. Comecei a focar em retratos, que predominam até hoje. Pode parecer que é a minha zona de conforto e que tenho medo de sair disso, mas não. Eu tenho uma visão muito particular sobre a representação da mulher na História da Arte: ela parece estar quase sempre a serviço do espectador, doando seu corpo, suas emoções, passiva na cena. Minha intenção com os retratos é tornar a mulher protagonista, fazer com que ela encare o espectador e devolva seu olhar curioso. Que instigue perguntas como: o que será que ela está pensando? Sem sombra de dúvidas, um dos trabalhos favoritos desse ano foi Velejadora.


2013 manteve o mesmo fluxo do ano anterior, não me arrisquei no uso de nenhum material diferente e procurei firmar os conhecimentos adquiridos naquilo que já trabalhava: lápis de cor, marcadores, grafite... foi difícil escolher uma ilustração para representar o ano, mas acho que Karou é uma boa representante porque, pela primeira vez depois de muito tempo, não utilizei quaisquer referências fotográficas. A figura saiu assim, inteirinha da minha cabeça e pulou para o papel. Também foi o ano em que abandonei o trabalho unicamente em grafite e comecei a focar no colorido de toda a figura.


Ano passado foi cheio de emoções e desafios. 2014 começou bem, com experimentações em caneta esferográfica, e daí não parei mais de tentar outros materiais: teve muita tinta, perdi o medo da aquarela e me apaixonei por ela, desenhei todo dia para o Inktober e ressignifiquei a importância que os rascunhos e os trabalhos finalizados têm na minha arte. Apesar de ter ilustrado bastante, não me deixei abater pela pressa, pois descobri que o tempo deve ser nosso aliado, ele nos dá dicas preciosas sobre a evolução de uma ilustra, e também sobre nossos desejos com aquele trabalho. Infinite sintetiza um pouco de tudo isso e do que venho buscando.


Ainda é cedo para falar de 2015, que começou cheio de animais fantásticos, muito colorido e uma mistura de vários materiais. Me sinto cada vez mais solta para buscar outras coisas, experimentar diferentes traços, talvez me arriscar na ilustração infantil. Mas ainda não sei de nada e quero deixar o barco navegar sem rumo. A única certeza que tenho é que, em todas as ilustrações apresentadas, sem exceção, o olhar é o ponto central, o condutor da cena. Se tivesse que escolher uma característica marcante, seria esta.

Espero que esses posts gigantes não estejam cansando vocês, mas não vejo como fazer de outra forma. É muita história para contar e acho que para quem chegou agora, é uma boa maneira de traçar um panorama do que tenho produzido. Mas prometo intercalar com postagens menores, ok?! Agora me digam: qual a ilustração preferida de vocês, hein?

Abraços,
Lidiane :-)

Comentários

  1. Oi, Lidiane, tudo bem? :3 Desculpa o sumiço >< Adoro essas retrospectivas haha, é muito bacana ver como as coisas foram evoluindo =)

    Eu gostei de todas as ilustrações, até mesmo a de 2010 que, pelo que eu entendi, você não gostou muito, mas é incrível como ela é diferente das outras haha Você melhorou muito de 2010 para 2011 e acho que daí em diante o seu estilo não mudou muito, mas deu para notar como você foi se soltando cada vez mais ^^ As minhas favoritas foram as de 2012, 2014 e 2015 *w*

    E eu realmente concordo com isso do olhar, é a primeira coisa que chama a atenção nas suas ilustrações ^^ São sempre expressões muito significativas e que dão um sentido mais amplo e trazem sentimento pra obra e tal =D

    Bom, como de costume, fiz um comentário pequeno kk Esse seu post me deixou com vontade de terminar um desenho meu parado no limbo dos desenhos inacabados faz tempo haha ^^

    Beijos ;)

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    1. Oi Camila, tudo bem! :)
      Depois quero ver esse desenho que você vai finalizar! Aposto que assim que pegá-lo novamente, você vai ter um olhar completamente diferente sobre as ideias iniciais e o que planeja agora. Pelo menos comigo é sempre assim rsrsrs
      Acho que o mais importante foi o fato de que eu perdi o medo de mostrar o meu trabalho, até mesmo os erros, por isso tem um pulo muito grande na qualidade do que fiz de 2010 para 2011. E muito disso eu devo ao feedback positivo de vocês, que lêem, comentam e interagem aqui comigo, que são super educados e queridos, sempre com uma palavra de carinho, isso faz muita diferença.
      Meus leitores, os melhores :) :) :) :)

      Um grande beijo :*

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  2. Ótimo post! eu não tenho graduação em artes, aprendi a desenhar sozinha. desde pequena gostava de desenhar. Mas lá pelos meus 17 anos, meio que dei uma parada. fiquei um tempão sem pegar num papel para rabiscar. E depois que voltei, não mostrava meus desenho a ninguém. sempre fui muito insegura. E justamente por não ter tido nenhum acompanhamento profissional, não me sentia segura o suficiente para exibir meus trabalhos, até que, certo dia, minha irmã foi quem resolveu sair mostrando meus desenhos pra todo mundo e, aos poucos, amigos foram me incentivando também. ainda me sinto um pouco amedrontada, se me perguntar... mas acho que aos poucos estou me soltando mais. apesar de ainda sentir falta de um curso. Enfim, estou dizendo isso, porque você comentou sobre medos e pensei que talvez fosse algo comum entre os que desenham, o que de certa forma é legal. Também vejo isso como uma forma de autocrítica, o que é muito bom ter! E concordo contigo: a arte é nossa, e temos todo o direito de escolher as criticas que podemos aceitar ou não como construtivas.
    Agora, falando sobre o teu trabalho mesmo, é sempre bacana poder ver a evolução dos artistas. Eu gosto muito disso. Mostra que o desenho não é uma questão de dom. É prática, esforço, experimentos e, principalmente, paixão. Afinal, se não gostasse disso, não teria continuado, acredito eu. E isso se nota bastante no teu traço entre 2010 a 2015. Baita evolução! Parabéns mesmo. É muito inspirador, incentivante. <3
    bjss :***********

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  3. Oi Bia!
    Eu acredito que hoje é mais fácil ser autoditada do que há alguns anos atrás, tem muitos artistas compartilhando seus processos de criação, disponibilizando tutoriais em vídeo, e isso me ajuda muito, assim como quem não tem formação acadêmica. E sinceramente, o curso fez muito mais diferença na minha formação na parte teórica do que na prática. Eu agradeço muito pelas aulas de história da arte que tive, e também pela experiência com educação, já que fiz licenciatura.
    E pra mim desenho é treino mesmo, não acredito em dom e fico extremamente irritada quando falam isso, porque a impressão que dá é que se você tem um dom, não precisa se esforçar, não precisa aprimorar, que tudo vai dar certo de qualquer jeito. E me irrita mais ainda gente do meio propagando isso, se sentindo superior. Eu sempre acreditei que qualquer pessoa pode desenhar, basta se empenhar.
    E o medo, bom, ele me acompanha sempre, mesmo que eu diga que hoje me sinto mais segura, sempre tem aquela pontinha de dúvida, se compartilho ou não, se a minha fraqueza é boba demais para se tornar pública, se vão cair matando em cima do trabalho... Mas como falei no comentário anteriror, o feedback que recebo de vocês é sensacional, me impulsiona a continuar, a crescer. Se eu não tivesse tomado a decisão de criar o blog, talvez teria parado de desenhar de vez. E só de pensar nisso já me dá uma agonia, pois muitos dos trabalhos que mais amo, simplesmente não existiriam!
    Por isso, só tenho a agradecer a cada um que comenta, acompanha e divide tanto carinho comigo. Essa evolução no meu traço é resultado disso também!

    Um grande beijo :**

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  4. Guria, tu és a minha referência de artista nessa nossa cidade do cinza. Admiro as tuas cores, os teus traços, a tua organização e a tua relação com as redes sociais, o jeito como tu te aprimoras na tua arte sem perder comprometimento contigo mesma. Acho que por essas bandas tu és quem melhor equilibra talento, persistência e disciplina na balança e tem excelentes resultados. Se te arriscares em ilustra infantil tem parceira de aventura por aqui. :P Sucesso ainda maior nesse 2015. Não consigo escolher uma ilustra preferida. Poderia encher a maior parede da sala com teus desenhos. :) Bjocas!

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    1. Andréia, as tuas palavras significam MUITO pra mim, nem podes imaginar... Num dos momentos que eu mais questionei o meu trabalho, abriste as portas da Mundo Moinho para o meu primeiro curso, depois a exposição, e tudo de bom que isso me trouxe. Sou muito grata, de coração! Acredito que ainda tenho um longo caminho de aprendizado pela frente, que nada cai do céu no nosso colo (antes fosse, e fosse só coisa boa!), e que eu possa contar com parcerias como a tua, que me ajudam demais. E vai ter ilustração infantil, sim! :D Vamos aprontar!!!

      Beijão! :*

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