No início da semana fiz minha primeira live no Instagram (e esqueci de salvar). Não planejei, nem avisei ninguém, apenas peguei o tripé, liguei a câmera e fiquei meia hora batendo papo com várias pessoas queridas e fazendo a line art dessa ilustra. E isso foi muito bom, em vários aspectos. Pra começar, tenho muito medo de desenhar em público; receio dos olhares e julgamentos. Toda vez que penso em ir para o shopping ou até mesmo para a casa do namorado munida de lápis e sketchbook, eu travo e não consigo produzir. Além da tristeza, vem a decepção e aquela pontada de síndrome da impostora.
Mas durante a live várias ideias foram surgindo, eu destravei a mão e consegui conversar sobre materiais, fazer todas as marcações de valores e, inclusive, definir a inspiração para a figura. Estou apaixonada pelo livro Art of Loish, e bebi na fonte das meninas de longos cabelos e cores excepcionais, dessa artista que amo muito, por influência de dona Isabella Pessoa.
Usei novamente o papel do bloco Mix-Media, da linha Canson XL (a primeira foi com Mer-tea) e, mais uma vez, bateu a decepção. A textura do lado direito é muito estriada, praticamente igual ao papel para aquarela da linha universitária, por isso decidi usar o avesso. Prendi bem com fita, para que ele não ondulasse, o que realmente funcionou. Mas na hora de aquarelar, o papel só faz borrão e poça d'água.
Ao iniciar a marcação com dioxazine já percebi que a tarefa não seria das mais fáceis, e quando coloquei o sombra queimada, tive a certeza: não vai rolar! Não entendo como uma marca disponibiliza no mercado nacional um produto tão aquém do esperado, visto que artistas gringas, como a Jacquelin De Leon, usam esse sketchbook, e ele sequer parece ter a mesma textura (nesse vídeo dá pra ter noção do que estou falando). Fica aquela sensação de comprar gato por lebre, e mesmo que outras pessoas usem e se adaptem, não é um material que eu recomendo.
Depois desse banho de água fria, não queria perder meu trabalho, então levei o caráter multi-técnicas do papel até as últimas consequências. Usei pastel seco para fazer toda a cobertura da pele, trabalhando em tons de azul, marrom e branco. Em seguida, reforcei com lápis de cor e marcador. No final das contas, consegui salvar a ilustra e deixar a pele no tom desejado, mas não sem lançar mão de mil materiais e fazer uma verdadeira fuzarca. A aquarela serviu como base para todo o resto, e se eu tiver que mostrar um ponto positivo desse papel, foi que ele aguentou tudo sem fazer uma ondulação sequer e sem rasgar (somente na hora de tirar a fita).
Materiais utilizados (senta que a lista é grande)
- papel Canson Mix-Media XL 300g;
- lápis grafite Lyra 2B;
- aquarelas Sennelier e Van Gogh;
- pincéis pelo sintético Keramik;
- Pastel seco e esfuminhos Derwent;
- Lápis de cor Polycolor e Staedtler Karat;
- multiliner Copic;
- guache branco Talens;
- marcador Posca dourado.
Embora tenha conseguido chegar ao resultado esperado (ela lembra a Tempestade, dos X-Men!), fico um pouco frustrada por ter que recorrer a tantos materiais para contornar o defeito de um deles, ainda mais que ando numa vibe de reduzir cada vez mais o que uso. Foi a primeira vez que usei o lápis grafite da Lyra, este sim sensacional, e ocupando desde já um lugar de destaque no meu coração. Lembrando que sempre é bom fixar todo e qualquer trabalho com verniz apropriado, assim, sua durabilidade será maior.
Me conte nos comentários se você já teve problemas com algum material e o que fez para lidar com a situação. E também o que achou de Solar. 🌻
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Oi Lidy! Tudo bem?
ResponderExcluirQue saudade eu estava de aparecer por aqui!
Eu tenho muita dificuldade de desenhar na frente das pessoas ou em um espaço
em que sei que alguém pode aparecer a qualquer minuto e prestar atenção no que estou fazendo.
Faz vários dias que trago meu caderno no trabalho e prometo para mim mesma que vou desenhar na hora do almoço, mas sempre me boicoto, lendo seu post, acho que a razão é exatamente essa!
Amei a Solar! Fiquei intrigada com a expressão dos olhos dela! Imaginando várias emoções que ela possa estar expressando ali!
Beijos Lidy!
Oi Lay! Saudades de você por aqui :)
ExcluirEu não consigo desenhar nos intervalos do trabalho também. Já me acostumei a criar as artes que preciso na frente dos outros (banners, flyers, livros...), mas desenhar algo pessoal ainda não. Mas vi na live uma maneira de ir quebrando essa barreira, criar confiança (mais em mim do que nos outros) para colocar pra fora essa coisa tão bonita que é desenhar. <3
Beijão :**
O trabalho ficou muito bonito Lidy, mesmo depois de tantos desencontros. Tinha muita vontade de testar esse papel, ela passou. O papel Aquarela 300 da Canson, é muito ruim, aquela textura ondulada é sofrível. Adorei o Montval, o problema é que ele é caro.
ResponderExcluirSempre que penso em um desenho e resolvo utilizar o bloco Aquarela 300, já no desenho, a textura ondulada me irrita. Já o bloco Desenho 200, para mim é quase perfeito, a textura, a quantidade de água que ele absorve, a resistência. Para ser melhor, só o Montval mesmo.
Não fique desanimada com esse tipo de desafio, você é foda, mesmo se não se sentir assim às vezes.
Abraços!
Obrigada Mateus!
ExcluirOlha, não recomendo esse papel, é total perda de dinheiro. Ele é igual ao aquarela da linha universitária, mas o que mais me chocou foi que não parece ser o mesmo papel vendido fora do Brasil. Eu me senti uma completa trouxa.
Tem vários vídeos no youtube de artistas usando esse sketchbook e nem de longe parece ser o mesmo material. Acho que a Canson pega o papel de aquarela e embala nesse formato para vender mais caro.
O Montval é a melhor opção que já experimentei entre os papéis de celulose, e entre os de algodão, a melhor linha da Canson ainda é a Moulin DuRoy. Das amostras que recebi da linha Heritage, achei tudo muito inconsistente, o papel ondula muito e absorve água de maneira esquisita, pelo preço não vale a pena.
Abraços!
Oi Lidy, tudo bom?
ResponderExcluirEu tive A MESMA impressão desse papel quando fui comprar um bloco de aquarela novo!!! Eu olhei a textura no mostrador e falei pra minha amiga "é a mesma coisa que a linha universitária!", e acabamos não levando esse. Preferi comprar o XL Aquarelle mesmo. Mas fiquei pensado sobre isso depois: o papel de aquarela já não é o ideal para usar diferentes materiais, já que a gramatura e a textura se adequam as várias técnicas? O que você acha?
E em relação a desenhar em público, acho um grande aprendizado, seja fazendo desenho de observação ou algo pessoal. Vc desapega do medo da opinião dos outros (o que pode acontecer? são apenas opiniões) e a sensação de liberdade é muito boa. O que eu digo pros meus colegas é que as pessoas que desenham em público são enigmáticas e charmosas. Todo mundo repara em quem desenha, e todo mundo quer saber o que ela está desenhando.
Pra finalizar, AMEI a ilustração! Amo ver seus passo a passo tbm! Continue sempre!
Bjus
Oi Ana, tudo bem! :)
ExcluirAi, ainda bem que não fui a única a estranhar a textura desse papel. Infelizmente, comprei o meu bloco online (baseada nas resenhas gringas que via) e não pude fazer esse teste, senão nunca teria gasto tanto dinheiro num material de péssima qualidade.
Eu acho que a diferença entre o papel para aquarela e o mixed-media está mais na fibra utilizada. Geralmente, os papéis profissionais para aquarela são de fibra de algodão, enquanto os para técnicas mistas são de celulose e até mesmo bambu, o que barateia os custos.
Aos poucos estou perdendo o medo de desenhar em público, assim que terminar uns trabalhos mais urgentes, quero passar pelo menos uma tarde por semana desenhando no shopping, para treinar gestual :D
Grande beijo e obrigada pelo carinho <3