Já faz alguns anos que criei um "banco de projetos", que já foi uma prancheta na parede e hoje é um gaveteiro muito mais organizado, onde guardo absolutamente todo e qualquer rascunho, referência impressa, anotação, line art e tudo mais que envolve ideias que desejo transformar em ilustração. Algumas passam nesse "banco" alguns dias, outras ficam ali por anos, como que esperando o momento certo para aflorar no papel. É como se elas e eu estivéssemos nos preparando, e tem muita coisa que simplesmente fica por ali. Recentemente, incluí dois sketchbooks nesse banco, mas a maioria são folhas soltas, já falei em outras oportunidades que é assim que gosto de trabalhar.
E foi ali pelo final do ano passado que tive a ideia de representar Lilith, essa deusa tão misteriosa, juntando referências de livros sobre mitologias e da cultura pop, como o vindouro jogo Diablo IV. Como quase tudo o que acontece no meu Instagram, postei e saí correndo, nunca mais dei satisfação daquele sketch. Foi lá para o tal "banco".
Algumas semanas atrás, resolvi revisitar esse projeto, mas me deparei com uma dificuldade gigante em encontrar o material adequado e acertar o tom da finalização. Comecei com aquarela e abandonei. Investi no pastel seco e achei tudo péssimo. Nesse momento, parei para pensar: o que estava me bloqueando tanto? E novamente me peguei pensando, um pensamento bastante obsessivo que tento sempre dissipar, que é nossa, como eu fazia coisas boas há uns quatro anos atrás e agora só faço merda. E ao invés de lamentar como o passado era bom, voltei aqui ao blog e fui dar uma olhada no meu processo criativo daquela época, para refletir sobre o que eu precisava melhorar agora.
Percebi que eu simplesmente havia perdido o hábito de marcar os valores da pintura com lápis e, posteriormente, com payne's grey ou dioxazine, um processo que era a espinha dorsal do meu trabalho e me ajudava a dimensionar o que fazer na pintura. Munida dessa informação, deixei de me lamentar e botei a mão na massa, à moda antiga.
Materiais utilizados
- Papel para aquarela Canson XL;
- Aquarelas Van Gogh;
- Guache TGA;
- Pincéis Giotto;
- Marcadores Pentel e lápis de cor Polycolor para as finalizações.
Lillith simboliza a consciência de absoluta igualdade entre homem e mulher. Essa igualdade é reforçada pelo potencial andrógino em suas lendas. Sem suas bênçãos as águas da vida recaem em conhecimento empoeirado. Ela é o aspecto instintivo, o aspecto terreno do feminino e as lembranças da incorporação do despertar sexual. - Todas as Deusas do Mundo, Claudiney Prieto
A primeira mulher sobre a terra que era igual ao homem e um espírito livre foi condenada a sobreviver pela eternidade como uma mulher-demônio, acasalando com demônios e diabos, parindo monstros em vez de crianças humanas. Essa imagem servia como uma ameaça e um aviso para qualquer mulher que tivesse a intenção de abandonar o marido ou desafiar a autoridade masculina. - Mistérios da Lua Negra, Demetra George
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