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Há cinco anos atrás, em 2017, na época em que eu ainda tinha energia, sanidade e tempo para escrever algo mais reflexivo ou com dicas para outros artistas, fiz um post com a seguinte chamada: Vale a pena ter um blog artístico?
Na época, todo mundo estava migrando em massa para o Instagram, meu próprio perfil cresceu muito nesse período, e quem ainda tinha um suspiro de presença virtual em blogs ou sites estava ensaiando o apagar das luzes definitivo. Como sou apegada, fui ficando por aqui, com momentos de maior e menor frequência, mas sempre em mente que esse espaço era meu, não dependia de algoritmo ou do humor do Mark Zuckerberg, além de ter uma ótima indexação no Google, pois existe desde 2010.
Em cinco anos vi muita coisa acontecer, quase não consegui acompanhar tudo (fiquei muito mais na posição de espectadora do que opinadora, pois 40h semanais de escola), vi os algoritmos mudarem tantas vezes que não consegui contar, vi redes surgindo e tomando o lugar de outras, vi bilionário comprando e falindo empresas e posso dizer, com a maior tranquilidade da galáxia, que ter sua casa virtual, seja ela um blog, site ou portfólio, AINDA é muito importante.
Nesse tempo todo, o meu espaço virtual sempre foi o lugar onde concentrei meu trabalho, minhas opiniões e meus gostos. Tal qual minha casa física, aqui só entra quem é convidado, embora seja um site aberto a qualquer um que tiver o link. Isso porque nunca deixei troll se criar em caixa de comentário. Aqui, não dependo de visualizações, de likes ou repost. A existência desse conteúdo se justifica por si só, ela está aqui, e depois que estiver, posso compartilhá-la com quem eu quiser, através da rede que eu escolher. Posso, inclusive, fazer um backup das publicações e apagá-las, arquivá-las ou colocar uma senha de acesso. Posso escolher não fazer nada, e deixar tudo aqui para quem tiver o link escolher a hora e o momento para ver o que tem de novo.
Aqui, pratico um exercício enorme de cultivo: se vou me inscrever para um edital, tudo está tão bem organizado, que não fica difícil achar o que preciso. Se quero mostrar meu trabalho para alguém, só direciono para a aba Portfólio. Num mundo tão rápido e tão massificado, é aqui que as coisas são semeadas, crescem, florescem, morrem e renascem.
E embora eu seja super apegada, a grande contradição é que aqui pratico também o desapego: se ninguém ver, se ninguém comentar (e não vai mesmo, pois desabilitei a caixa de comentário há meses), simplesmente não importa. Esse lugar depende só de mim.
Claro que uso redes, faço vídeos de gosto duvidoso, mas eu sempre vou ter esse lugar. E quando ele não tiver mais razão para existir, vou fechar a porta sem olhar pra trás. E o que mais tenho percebido são pessoas sacando que esse aterramento a algo seu faz sentido, visto a quantidade de sites que tenho acompanhado nascer. Gente ótima que só tinha uma ou duas redes sociais para mostrar o que produzia e agora tem um endereço lindo e todo organizado. Gente que, inclusive, me manda mensagem dizendo que veio aqui pegar inspiração para fazer sua própria casa virtual. Acho isso mágico e dá sentido ao compartilhar algo bom com alguém.
Por isso, ainda acho fundamental ter sua casa virtual, seu espaço, chame como quiser, mas um lugar que não seja a rede social do momento. Elas vão e vem, trazendo conteúdos cada vez mais picotados e formatados. Acredito que uma obra artística, literária ou musical, precisa de mais espaço para respirar e florescer. Seja a resenha de um livro, uma ilustração ou a cifra de uma música. Até mesmo o conteúdo audiovisual se beneficia de um espaço próprio, mais contemplativo. E num mundo onde zapear virou regra, a contemplação ainda é uma bênção.
Sugestão de leitura: Por que eu ainda blogo? - Momentum Saga
Comentários
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