Rhiannon rings like a bell through the night
Eu já havia dito que 2022 foi o ano do rascunho, com vários trabalhos que comecei a esboçar, várias ideias de temáticas e séries, mas que ficaram somente no rascunho. Por isso, estou me dedicando (e pretendo continuar ao longo do ano) a tirar esses projetos somente do esboço e transformá-los em artes finalizadas.
Depois de passar o ano todo mergulhada na leitura de Mistérios da Lua Negra, da Demetra George, livro que me ajudou a lidar com o luto e, principalmente, com o luto dentro do processo criativo, me peguei desenhando muitas deusas, divindades de diversas partes do mundo, e também animais, grupos de mulheres, mulheres mais velhas...
E nesse processo surgiu a imagem de Rhiannon, a deusa galesa dos cavalos, a Grande Rainha, que casou-se com o mortal Pwyll e lhe deu um filho, que desapareceu ao nascer. As servas de Rhiannon enganaram a rainha, esfregando sangue de um animal em suas vestes, e acusando-a de ter devorado a criança. Como castigo, Rhiannon foi condenada a carregar os hóspedes que passavam pela sua casa nas costas, como se fosse um cavalo. Após a criança ser finalmente encontrada, o castigo da deusa foi retirado (contei a lenda de maneira muito reduzida, recomendo o livro Divinas Mulheres, da Ann Shen, para conhecer essa e outras lendas).
Rhiannon vai falar sobre resiliência, perseverança e sobre acreditar em si mesma. Num mundo cada vez mais focado na performance da felicidade e da vida perfeita, acolher as nossas feridas e carregar nossos próprios fardos é um ato de coragem.
Por acreditar que essa ilustração merecia estar num papel A3 (que eu não tinha!), resolvi comprar às pressas o único papel disponível na loja - o da linha universitária da Canson, e deu tudo errado, pois detesto a textura desse papel e, por mais que esteja pintando com uma tinta excelente, não consigo alcançar os resultados desejados com ele. Respirei fundo, resolvi digitalizar o rascunho, ajustá-lo para A4 e finalizar no papel 100% algodão que já estou acostumada a usar. Entre mortos e feridos, salvaram-se todos.
All your life you've never seen
A woman taken by the wind
Materiais utilizados
- Papel para aquarela 100% algodão Hahnemühle;
- Minhas tintas e pincéis de sempre;
- Lápis de cor aquarelável Albrecht Dürer;
- Marcadores Pentel e Derwent.
Quem prestou um pouquinho mais de atenção, viu que essa ilustra conversa com outra, Wild Spirit, que fiz em 2021. E é uma conversa intencional, e que pretendo fazer mais vezes, como parte do mapeamento que tenho feito de todos os elementos que se repetem no meu trabalho, bem como as paletas de cores que mais utilizo.
Os trechos em destaque são da música Rhiannon, da banda Fleetwood Mac, na voz da bruxona Stevie Nicks:
Comentários
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