O Ato Criativo: uma forma de ser

28/04/24



O Ato Criativo: uma forma de ser, é um livro escrito pelo produtor musical Rick Rubin. Descobri esse título através das minhas pesquisas pela Amazon e só depois fiquei sabendo do hype em outras redes sociais. Rubin é produtor de um dos meus álbuns favoritos, o autointitulado da banda Audioslave, de 2002. E também do Vol. 3: (The Subliminal Verses), do Slipknot, de 2004.


A obra é uma mistura de Roube como um artista & conselhos de vida do autor e, apesar de algumas passagens inspiradoras, como um todo, achei o livro bem mais do mesmo, com aquela vibe espiritual de boutique, vinda de gente privilegiada, que já conquistou uma posição de destaque em seu nicho e agora prega coisas como: tire cinco minutos do seu dia para meditar e você verá um milagre acontecer em sua vida.


O livro é dividido em capítulos curtos, nos quais Rubin fala sobre a fonte para inspiração, a constância no trabalho criativo, o sentido da obra de arte para o artista e para o espectador, alternando com pequenos poemas, que oferecem para os leitores um lembrete do por quê se dedicar à criação e como podemos vencer nosso próprios demônios para enfrentar seja a folha em branco, a primeira nota de uma música ou os movimentos num palco.

Viver como um artista é uma prática.

Você se engaja nela

ou não


Não faz sentido dizer que você não é bom nisso.

É como dizer "Não sou bom em ser monge".

Você vive como um monge ou não.


Tendemos a pensar na obra do artista

como o produto.


A obra real do artista

é um modo de estar no mundo.


(p. 37)

Dentre os capítulos que mais gostei está Hábitos, no qual o autor traz uma lista de pensamentos e hábitos não propícios ao trabalho, dentre eles culpar os outros pelas interferências no seu processo e não se sentir bom o bastante. Também gostei de Sucesso, no qual Rubin fala que essa medida está entre artista e obra; no quanto o artista está pronta para deixar sua criação ir, e não baseada em sucesso popular, que depende de um conjunto de fatores e alinhamentos (muito necessário em tempos de redes sociais). 


Mas o tom geral do livro é bem ligado com espiritualidade, e não há nada de errado com isso, o problema é aquele que falei lá no começo: é o de uma pessoa privilegiada, que pode se dar ao luxo de sair para fazer uma trilha para se reconectar com sua criatividade, por exemplo. E sabemos que essa não é a realidade da grande maioria dos artistas, que estão numa luta diária para pagar as contas.


O Ato Criativo custa R$ 59,90 e não vou impedir ninguém de gastar esse valor, caso queira realmente ler esta obra, mas deixo registrado aqui que existem muitos livros mais densos, com mais lastro teórico e até com vivências artísticas mais próximas da realidade de muitos criadores. Para uma lista com várias indicações que já resenhei aqui no blog, vá até a seção FAQ ou procure pela tag LIVROS.

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