Carmilla

28/05/24


Recentemente li o clássico do horror Carmilla: a vampira de Karnstein, de Sheridan Le Fanu. A sensação foi a mesma de quando li Drácula, um texto que demora muito para ir até "os finalmentes" e, quando vai, acaba muito rápido. Mas ali está a base para o próprio Drácula e toda a sorte de vampiros que vieram posteriormente, com a sensualidade e o apetite por sangue já tão conhecidos pela cultura pop. A minha edição traz também O Vampiro, de John Polidori, tão xoxo quanto, ainda na minha modesta opinião.

A história é narrada por Laura, uma jovem que vive na Estíria, na companhia do pai e de duas amas. Numa noite cheia de eventos estranhos, Carmilla é deixada na porta da residência de Laura, aos cuidados daquela família. E é aí que coisas sinistras começam a acontecer, não sem antes um flashback de Laura pequenina, sendo atacada por uma criatura, ainda no berço.

Carmilla serviu muito mais como uma metáfora para mim, neste exato momento planetário, do que como um conto de terror. Ela é aquela presença constante, pegajosa, que faz você viver à mercê de seu humor e gostos, arrastando-o para o fundo do poço na menor das oportunidades. O vampirismo não precisa ser necessariamente um morto-vivo drenando o seu sangue, mas pode muito bem ser um colega de trabalho que não suporta seu sucesso, um familiar invejoso ou um amigo de Instagram que não curte o que você posta, não torce por você, mas está na primeira fila para ver o seu fracasso (a excelente série What We Do In The Shadows personifica o "vampiro energético" na figura hilária de Colin Robinson). 

Laura é uma moça que vive longe de tudo e todos, numa época em que nos bailes aristocráticos acontecia a vida social, e Carmilla, com seus belos e espessos cabelos, parece ser a única janela da jovem para o mundo exterior. Entre cartas, coincidências e mal-estar inexplicáveis, Carmilla (ironicamente escrito por um homem) é o retrato do quão cruel pode ser a vida de uma garota, esteja ela sujeita às convenções da sociedade, esteja ela perambulando pela noite em busca de uns pescoços para morder. De todo modo, elas devem ser punidas de maneira exemplar.
Hell is a teenage girl. - Jennifer's Body (2009)

Materiais utilizados

  • Papel Concept da Hahnemuhle;
  • Marcadores nanquim de todas as espessuras Sakura;
  • Marcadores Copic;
  • Algumas pitadas de lápis de cor e caneta com glitter.

Acho que aproveitei para produzir e publicar tudo o que pude durante o mês de maio, mas sabe-se lá quando vou voltar por aqui. De qualquer forma, foi um pagamento e tanto para a dívida de abandono que eu tenho eternamente com esse espaço.

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