Deixe-me dizer o que a magia não é: não é poder divino, que vem com um pensamento e um piscar de olhos. Deve ser feita e trabalhada, planejada e procurada, desenterrada, secada, fatiada e moída, cozinhada, encantada e cantada. Mesmo depois de tudo isso, pode falhar, ao contrário dos deuses." - Circe, Madeline Miller.
Entrei na minha era helênica e comecei a ler releituras de mitologia grega. Comecei com Circe, passei por A Canção de Aquiles, ambos da Madeline Miller e ambos ótimos, e agora entrei no ciclo de livros da Natalie Haynes, começando por O Jarro de Pandora. E o maravilhoso em ler releituras de mitos são as possibilidades que se abrem diante de personagens que durante séculos receberam a alcunha de ajudante: Ariadne ajuda Perseu a matar o Minotauro; Medeia ajuda Jasão a roubar o Velocino; Circe ajuda Odisseu a passar pelas sereias. A certa altura me pergunto o que tanto esses heróis precisam de ajuda, que não conseguem cumprir suas missões divinas sozinhos.
E ler Circe foi um caminho delicioso, uma personagem que não é nem mocinha, nem vilã, apenas ela mesma, uma deusa demasiada humana. E é a caminhada de Circe que me fez querer registrar uma impressão própria da imagem que ficou gravada em mim após a leitura.
Retratar Circe é algo que vem sendo feito há muitos anos, sempre como uma bruxa má, feiticeira cercada por feras, transformando homens em porcos. Circe contaminando a água, oferecendo veneno, subjugando homens (esses coitados...). A minha Circe é muito minha: de olhos dourados e uma longa cabeleira negra caindo dos ombros. Filha de Hélio, bruxa de Eana e totalmente consciente de si.
Sempre que me sinto estagnada ou insatisfeita com os rumos da minha arte, retorno ao grafite, já faz parte da minha lore artística. Falando em lore, sinto que preciso explicar cada vez mais para as pessoas algo que parecia estar internalizado, que é por que desenho o que desenho. Talvez por estar conhecendo muitas pessoas novas, elas sentem muita dificuldade em compreender meu trabalho, então vou sistematizar, para um futuro, um texto sobre esse assunto. Mas sobre o grafite: é meu chão, não tem como negar.
Materiais utilizados
- Papel Concept Hahnemuhle 220g;
- Lápis grafite 2B Stabilo Othelo;
- Esfuminho;
- Caneta dourada Faber-Castell.
Ainda aprendendo a tratar a imagem no Photopea.
Livros com releituras de mitos gregos que estão na minha lista
- Galateia, Madeline Miller; (lido 5★)
- Circe, Madeline Miller; (lido 5★)
- A Canção de Aquiles, Madeline Miller; (lido 5★)
- Ariadne, Jennifer Saint;
- Clitemnestra, Constanza Casati;
- O Jarro de Pandora, Natalie Haynes;
- O Olhar Petrificante, Natalie Haynes;
- Mil Navios para Tróia, Natalie Haynes;
- Os Filhos de Jocasta, Natalie Haynes.
Leia “A jornada da heroína”, tem muito a ver com o que vc faz nas suas obras. Muito linda sua Circe, parabéns!
ResponderExcluirObrigada, está na minha lista já tem um tempo 😉
Excluir